VIA SATÉLITE: Boletim Informativo do CNPM, Campinas, v. 12, n. 1, jan./fev. 2004.

Monitoramento Orbital registra redução de queimadas no país, em 2003

O ano de 2003 apresentou bons resultados no quadro das queimadas registradas no país. Um balanço dos dados obtidos pelo sistema de Monitoramento Orbital de Queimadas, da Embrapa Monitoramento por Satélite, revela uma redução de 14% de focos em todo o Brasil, em comparação com o ano anterior. Foram cerca de 183 mil focos, em 2003, contra 213,2 mil, em 2002. Segundo o coordenador do projeto, o pesquisador Evaristo Eduardo de Miranda, uma boa notícia, que reverte uma tendência constante de aumento anual das queimadas.

A redução ocorreu essencialmente na Amazônia Legal, que apresentou cerca de 29,3 mil focos a menos em 2003. Foram 116,3 mil focos no total, em 2003, contra 145,5 mil em 2002, uma redução de 20%, superior à média nacional. Em termos absolutos, a maior redução ocorreu no estado do Pará, com quase 21 mil pontos a menos em 2003, em comparação com 2002. Mato Grosso, Tocantins e Mato Grosso do Sul também apresentaram uma redução significativa em suas queimadas. O aumento maior no número de queimadas ocorreu nos Estados do Ceará, Minas Gerais e Paraná. As razões dessa dinâmica decrescente também estão sendo analisadas pela Embrapa Monitoramento por Satélite e deverão ser divulgadas neste ano.

Há cerca de 13 anos a Embrapa Monitoramento por Satélite realiza o monitoramento orbital das queimadas no Brasil, com base nos dados obtidos pelo sistema NOAA/AVHRR. O trabalho de pesquisa e difusão é o resultado de uma parceria com diversas instituições dentre as quais o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE e a Ecoforça – Pesquisa e Desenvolvimento. Todos os dados obtidos têm sido disponibilizados na Internet, através do endereço eletrônico http://www.queimadas.cnpm.embrapa.br .

Queimadas

De acordo com o coordenador do sistema de Monitoramento Orbital de Queimadas, Evaristo Eduardo de Miranda, queimada não é sinônimo de incêndio. "As queimadas agrícolas atingem pequenas áreas, têm hora para começar e acabar e são controladas pelos agricultores. Já os incêndios são indesejáveis. O fogo fica fora de controle e ninguém se responsabiliza por eles, que ocorrem pelas mais diversas causas, inclusive devido a uma queimada que escape do controle do agricultor", explica Miranda.

Hoje, as queimadas são praticadas nos mais diversos contextos agrícolas: desde sistemas intensificados de produção, como algodão e cana de açúcar, até os mais extensivos, como pastagens, pequena agricultura familiar e indígena. O fogo na atividade agrícola é usado, entre outras coisas, para ajudar no controle de carrapatos nas pastagens, na limpeza de áreas e capoeiras e no controle de pragas, como o bicudo do algodoeiro. Em alguns casos, o fogo é também usado para provocar a rebrota precoce de pastagens durante o inverno e para facilitar a colheita manual da cana-de-açúcar.

Mapa de queimadas