VIA SATÉLITE: Boletim Informativo do CNPM, Campinas, v. 13, n. 8, outubro 2005.
 

Embrapa Monitoramento por Satélite apresenta estudo sobre o monitoramento da biodiversidade
em sistemas agrícolas, durante a Expo-Sustentat

O monitoramento da biodiversidade em áreas agrícolas será o tema do estande da Embrapa Monitoramento por Satélite na Expo-Sustentat - I Feira Internacional de Bens e Serviços Sustentáveis. O evento, voltado totalmente para o mercado sustentável, acontece de 15 a 18 de novembro, no Rio de Janeiro, simultaneamente à terceira edição da BioFach América Latina, que reúne especialistas do mercado orgânico. O evento terá exposição de estandes brasileiros e internacionais, seminários e workshops que irão abranger temas sobre mercados orgânicos e o de produtos sustentáveis.

Há mais de 20 anos, a Embrapa Monitoramento por Satélite vêm desenvolvendo métodos para a avaliação da biodiversidade em sistemas agrícolas, com aplicação em diversos tipos de propriedades rurais, desde pequenos agricultores extrativistas até empresas rurais modernas e intensificadas. De acordo com o pesquisador José Roberto Miranda, as áreas agrícolas representam um papel importante na manutenção da biodiversidade e a fauna selvagem deve ser encarada como parte integrante do processo produtivo.

Fazendas da Usina São Francisco, produtora de cana-de-açúcar orgânica do Noroeste do Estado de São Paulo, foram selecionadas para um estudo de caso que comprovou o aumento da biodiversidade faunística. A dinâmica espacial e temporal do uso das terras na área estudada foi toda documentada com base em imagens de satélite, geoprocessamento e trabalhos de campo, permitindo quantificar e cartografar os ganhos de biodiversidade.

As áreas da Usina foram objeto de levantamentos intensivos, entre 2002 e 2003, que identificaram 248 espécies de vertebrados - num plantio convencional de cana, não se contam mais do que 30. Do total de espécies quantificadas, 24 encontram-se ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo. Os levantamentos registraram, inclusive, espécies raras, como onça-parda, bugio, jaguatirica, tamanduá-bandeira, lobo-guará e lontra. O projeto foi realizado em parceria com a Native Alimentos e biólogos e ecólogos da USP e da Universidade Mackenzie.

"A fauna foi inventariada, qualificada e monitorada em diferentes habitats, identificados a partir do mapeamento. Esses levantamentos zooecológicos levaram em conta todos os aspectos da vida dos animais silvestres, como seus deslocamentos, alimentação, abrigo e reprodução", explica o coordenador do estudo, José Roberto Miranda, que apresentará o trabalho durante um seminário, no dia 16.

Só para se ter uma idéia da riqueza, o número de espécies de aves registrado nas propriedades estudadas representa cerca de 30% das espécies de aves encontradas no Estado de São Paulo. "Mesmo localmente, os resultados são significativos. No município vizinho à área estudada, Ribeirão Preto, a comunidade de aves identificadas soma 123 espécies, ou seja 64% da avifauna presente nas áreas da Usina São Francisco", destaca Miranda.