VIA SATÉLITE: Boletim Informativo do CNPM, Campinas, v. 15, n. 01, Março 2007.


Pesquisador lança o livro "Quando o Amazonas corria para o Pacífico: uma história desconhecida da Amazônia"

Para defender qualquer coisa é necessário conhecer sua história. Esta é uma das premissas do livro "Quando o Amazonas corria para o Pacífico", do pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite, Evaristo de Miranda, lançado no dia 1º de março, em São Paulo, SP. Num momento em que a Amazônia é a pauta do dia, o pesquisador propõe no livro um olhar histórico para buscar o entendimento da situação atual e saídas sustentáveis. "Hoje, todos defendem a Amazônia. Cada um defende a 'sua'. Mas ainda se ignora a violenta história da presença humana na Amazônia, bem antes da chegada dos portugueses. Poucos entendem como foi possível esse território espanhol passar para o domínio português. E permanece em fragmentos a história natural de sua riquíssima fauna e flora", ressalta o autor. Após o lançamento, ainda em março, o pesquisador apresentou o livro em eventos em Belém, PA, e Curitiba, PR.

No livro, Evaristo de Miranda percorre um caminho de volta até o tempo em que o rio Amazonas corria para o Oeste e desaguava no Oceano Pacífico. Na primeira parte, tentar expor, de forma simples, um pouco da história natural da Amazônia e como era essa região quando o grande rio equatorial corria para outro sentido. Os capítulos do livro expõem o surgimento do istmo do Panamá, as mudanças dramáticas com a invasão de uma nova biodiversidade vinda do Norte, até a chegada, muito tempo depois, dos caçadores coletores da América do Norte, que povoaram a Amazônia em levas sucessivas.

A segunda parte do livro trata da história humana da Amazônia. O pesquisador explica que os povos amazônicos não edificaram com rochas, nem descobriram como extrair metais, não inventaram a roda ou o arado e viviam na Idade da Pedra Lascada. Não tinham escrita. Mas seus vestígios estão na humanização das florestas, em marcos vivos, como os castanhais do Pará, as florestas de bambu do Acre, os cerrados na fronteira com o Suriname. O livro, baseado em pesquisas científicas recentes, entrevê etapas dessa história não linear e até pouco tempo oculta. Descreve parte dessa aventura natural e humana que transformou a Amazônia, bem antes da chegada dos europeus e dos ambientalistas.

Em sua terceira e última parte, o livro trata da história política da Amazônia, até os finais do Século XVIII, quando de sua incorporação definitiva ao Brasil. Miranda lembra que os espanhóis descobriram a América e foram os primeiros a chegar na Amazônia. Pelo Tratado de Tordesilhas, toda a bacia estava em seus domínios. Eles eram os senhores da Amazônia, de direito e de fato. "O que os impediu de ocuparem e povoarem o rio Amazonas? Como pôde uma região de milhões de quilômetros quadrados, descoberta por espanhóis e em seu legítimo domínio, ser incorporada legalmente ao Brasil, de forma tão pacífica?", indaga. Evaristo de Miranda ressalta que a incorporação da Amazônia ao território brasileiro não foi obra do acaso e conta aspectos pouco conhecidos da história da Amazônia, revelando também os caminhos utilizados pela Coroa portuguesa para conquistar esse território.

Mais informações: http://www.cnpm.embrapa.br/destaque/livroamazonia/


Pesquisador propõe no livro um olhar histórico para buscar
o entendimento da situação atual e saídas sustentáveis



O autor, Evaristo de Miranda, ao lado de
João Carlos de Souza Meirelles e esposa