Ano 19 - nº 04
Maio 2011
Embrapa Monitoramento por Satélite

Embrapa e Usina Santo Antônio firmam parceria para estudo sobre recuperação de APP

A Embrapa Monitoramento por Satélite vai realizar estudos para qualificação e recuperação de áreas de preservação permanente (APP) em fazendas produtoras de cana-de-açúcar no interior de São Paulo. A iniciativa integra o contrato de parceria assinado em abril entre a Embrapa, a Fundação Arthur Bernardes (Funarde) e a Usina Santo Antônio S/A. O estudo será concentrado numa área de mais de 220 km2, na região de Sertãozinho (SP), parte dela voltada para a produção de cana-de-açúcar orgânica. Os resultados servirão de base para a elaboração de um programa de conservação e recuperação da cobertura vegetal das APPs, direcionado para cada situação.

Através de imagens de satélite e incursões em campo, as áreas de APP serão qualificadas e quantificadas a partir de mapeamentos georreferenciados. Com base nas situações apresentadas, será estabelecida uma tipificação em termos ambientais e indicado o grau de intervenção e ações corretivas correspondentes para cada caso. “O objetivo é traçar um plano de gestão e acompanhamento para a efetiva implantação e conservação da cobertura vegetal das APPs para que elas venham a desempenhar seu papel de provedor e mantenedor da biodiversidade animal e vegetal”, explica o coordenador do projeto, o pesquisador José Roberto Miranda. Os resultados e o protocolo metodológico utilizado serão passíveis de aplicação e orientação em outras situações similares de restauração de APPs. As fases seguintes do projeto, que tem previsão de três anos, serão voltadas para o acompanhamento das diferentes medidas adotadas de adequação e recuperação da cobertura vegetal nativa das áreas.

Biodiversidade faunística

Há mais de oito anos a Embrapa Monitoramento por Satélite trabalha na avaliação da biodiversidade de fauna silvestre em propriedades rurais da Usina São Francisco, também na região de Sertãozinho. As propriedades estudadas adotaram o sistema de produção orgânico de cana-de-açúcar associado ao manejo agroecológico. Entre 2002 e 2011, foi monitorada a evolução das riquezas específicas nos habitats mapeados e avaliado o grau efetivo de implantação dos povoamentos faunísticos.

Só no último ano, foi registrado um acréscimo de mais de uma dezena de espécies, totalizando 317 detectadas e identificadas (27 anfíbios, 17 répteis, 234 aves e 39 mamíferos). Entre os habitats das fazendas, incluindo os canaviais orgânicos, foi detectada inclusive a ocorrência de 34 espécies de vertebrados selvagem sob algum risco ou ameaça de extinção no Estado de São Paulo. Além de obter resultados sobre a biodiversidade, o projeto visa desenvolver métodos e critérios científicos para estudos faunísticos em território delimitado.

Os resultados obtidos surpreenderam pelos elevados índices de riqueza e de biodiversidade faunística, mesmo quando comparados a ecossistemas naturais. Na comparação com sistemas agrícolas de cana convencionais, embora não definitiva, a análise indica um número de espécies de animais silvestres 20% superior nos canaviais orgânicos. Há ainda uma originalidade 40% superior em espécies nesses canaviais, indicando um povoamento mais rico e com espécies mais adaptadas a ambientes estáveis ecologicamente. “Os canaviais convencionais apresentam uma cadeia alimentar representada por espécies generalistas e pouco exigentes quanto ao tipo de alimento, somente 5% são carnívoros. Enquanto nos canaviais orgânicos os carnívoros chegam a 18% do total das espécies”, explica o pesquisador José Roberto Miranda.

Nos levantamentos foram empregadas iscas e máquinas fotográficas tipo armadilha para detectar a presença de uma série de animais. O acréscimo estimado de espécies predadoras foi qualificado como um indicador do aumento da complexidade da rede alimentar e dos recursos disponíveis no local e no entorno. As usinas Santo Antônio e São Francisco, cujas propriedades são abrangidas pelos trabalhos da Embrapa, pertencem ao Grupo Balbo, que está entre os maiores produtores mundiais de açúcar e álcool orgânico.

 

Fotos: José Roberto Miranda / Embrapa

 

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