A forte demanda nacional e internacional por etanol e a recente preocupação com as mudanças climáticas têm gerado uma expectativa do aumento do uso de biocombustíveis e, consequentemente, do aumento da área ocupada com cana-de-açúcar no Brasil e principalmente no Estado de São Paulo, que detém mais de 50% da área total nacional. De especial interesse para estudo destaca-se a região Nordeste do Estado, onde está inserido o pólo de Ribeirão Preto, talvez o mais conhecido centro canavieiro do Brasil e do mundo, e que nas últimas décadas vem apresentando fortes alterações na dinâmica do uso e ocupação das terras. A Embrapa vem buscando dar respostas às indagações sobre como a agropecuária brasileira pode ser afetada ou contribuir para o agravamento dos cenários futuros ligados às Mudanças Climáticas Globais. O projeto CarbCana é relevante por realizar abordagens territoriais baseadas em sensoriamento remoto e em técnicas de geoprocessamento, associando a dinâmica do uso e cobertura das terras ao estoque de carbono e as variações microclimáticas. O objetivo do projeto é mapear a mudança de uso e coberturas das terras da região nordeste de São Paulo no período de 1988 a 2015 e paralelamente estimar as alterações dos estoques de carbono do solo e da fitomassa, bem como da temperatura do ar em decorrência da evapotranspiração, quando da conversão de pastagens, citricultura, cafeicultura e culturas anuais de grãos para a cultura da cana-de-açúcar sob regime de colheita com queima e sem queima. Vários cenários de produção, localidades e tipos de solos das culturas substituídas serão avaliados e confrontados com os sistemas de produção e colheita da cana-de-açúcar quanto à contribuição para a amenização das mudanças climáticas globais. A relevância dessa proposta está na atualização do uso e ocupação do solo em uma das principais regiões agrícolas do país e na geração de estimativas da contribuição dos distintos manejos da agropecuária para as mudanças climáticas, não somente dos efeitos bioquímicos (estoque e troca de carbono), mas também dos efeitos biofísicos (evapotranspiração e absorção de energia solar). Os resultados possibilitam criar indicadores ambientais e subsídios mais efetivos para posicionar o país nas negociações das commodities frente a outros países, além de gerar impactos positivos de valoração ambiental dos sistemas de produção agropecuário. |