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Revista da Fapesp, Agosto de 2001
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Ecologia |
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Amazônia digitalizada |
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A partir de imagens de satélite, surge um retrato completo e detalhado de todo o território amazônico - e, logo, de todo o país. |
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Por Simone Biehler Mateos |
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Programa da Embrapa populariza imagens de satélite
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
conseguiu fazer com que os mais de 5 milhões de quilômetros quadrados da
Amazônia Legal caibam em nove CDs. Ao juntar imagens fornecidas pelo satélite
Landsat, a Embrapa Monitoramento por Satélite, de Campinas, montou a fotografia
completa, mais atual e com a maior definição já feita do território amazônico
nacional: 30 a 90 metros por pixel (ponto), entre 11 e 16 vezes mais detalhada
que as anteriores. Cada pixel do mosaico, de emendas invisíveis, corresponde
a 30 ou 60 metros - exceto nos territórios do Amazonas e do Pará, onde
equivale a 90 metros. Até então, o retrato de satélite da Amazônia de maior
definição tinha pixels equivalentes a 1 quilômetro.
Por fornecer dados apurados sobre recursos naturais e
impactos ambientais das atividades rurais e urbanas, o mosaico facilita o
zoneamento ecológico e econômico da região, instrumento decisivo para planejar
e racionalizar a ocupação, de modo a minimizar danos ambientais. Com as
imagens também se identificam, por exemplo, novas áreas com potencial para
o ecoturismo: é o caso da região de Barcelos, Amazonas, no norte do rio
Negro. Elas ajudam a identificar áreas com potencial ou restrições para uso
agrícola, sobretudo nos Estados de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão.
O mosaico forneceu ainda uma visão inédita da magnitude
das florestas de bambus gigantes do Acre e do Amazonas, presentes em solos
influenciados no passado pela atividade vulcânica dos Andes. A comparação
das novas imagens com as anteriores mostra ainda a dimensão e a rapidez da
savanização da floresta pelo uso excessivo do fogo em áreas de Cerrado. Isso
é particularmente visível no norte do Pará, onde o Cerrado, ao longo de toda
a sua borda de centenas de quilômetros, avança dezenas de metros por ano.
A Embrapa também está na fase final do retrato por satélite
do Nordeste, que deverá jogar muita luz na discussão sobre os impactos da
eventual transposição do Rio São Francisco, sobre a conveniência de expansão
da irrigação, os impactos da seca e a intensidade do desmatamento da Caatinga.
Até o fim do ano, a empresa pretende concluir o retrato de todos os Estados.
Menos focos
O ecólogo Evaristo Eduardo de Miranda, gerente de pesquisa
da Embrapa Monitoramento por Satélite e responsável pelo projeto, conta que
a idéia de produzir o mosaico de imagens de satélite é antiga, mas só se
tornou viável há dois anos, com o financiamento do Programa de Infra-Estrutura
da FAPESP para a modernização das redes de computadores da empresa. "Não
tínhamos capacidade para analisar, selecionar e processar tantas imagens,
com tantos detalhes", lembra. O empurrão final foi dado pelo aumento das
queimadas. "O Ministério da Agricultura entendeu que multas e leis não
bastavam: era preciso oferecer alternativas tecnológicas aos agricultores
para substituírem as queimadas em diversas situações", revela o pesquisador.
Com as informações de dez anos de monitoramento de queimadas
por satélite, a Embrapa chamou a atenção do ministério para o fato de 75%
do problema concentrar-se em quatro Estados: Mato Grosso, Tocantins, Pará e
Maranhão. "Propusemos identificar os municípios onde o problema era mais
grave e concentrar neles a campanha para aproveitar melhor os recursos".
Isso exigia mosaicos de imagens de satélite com um nível de detalhe muito
maior que os disponíveis.
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