A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) comemora 32 anos hoje em meio a problemas financeiros. Mesmo beneficiada pela Lei de Diretrizes Orçamentárias do ano passado, que vetou qualquer forma de contingenciamento à empresa, a Embrapa vivencia, na prática, um corte de recursos. Até abril, o governo deixou de repassar R$ 16 milhões da dotação destinada à empresa. Soma-se a este montante os R$ 20 milhões em restos a pagar de 2004, ainda não executados, de acordo com o presidente da empresa, Silvio Crestana. Ele assumiu o cargo em fevereiro deste ano pleiteando o aumento do volume de recursos destinados à Embrapa. O orçamento da empresa é de cerca de R$ 900 milhões, incluindo despesas com pessoal, manutenção e investimentos. Desse montante, 70% seguem para o pagamento de funcionários. Sobram apenas 10% para investimentos em laboratórios e equipamentos. Nos cálculos de Crestana, a instituição necessitaria de mais R$ 400 milhões só para voltar aos níveis orçamentários de 1996, considerando uma correção pelo IGP-DI. Mesmo diante desse cenário, o presidente da Embrapa faz um balanço positivo da atuação da empresa. Segundo ele, nesses 32 anos a safra de grãos do País quase quadruplicou, enquanto a área plantada, que em 1973 era de 24 milhões de hectares, não chegou a dobrar de tamanho, somando 41 milhões de hectares em 2003. "Isso mostra que o ganho se concentrou na produtividade, e demonstra o quanto a pesquisa agropecuária colaborou com o salto da produção brasileira de commodities", afirma Crestana. No mesmo período, comenta, a oferta de três milhões de toneladas de carnes bovina, suína e avícola foi multiplicada por seis, somando hoje 17,8 milhões de toneladas. Como exemplo desse trabalho de pesquisa, três tecnologias desenvolvidas dentro da Embrapa serão apresentadas hoje, na solenidade de comemoração do 32º aniversário da empresa. A primeira será o "Brasil em Relevo", trabalho de mapeamento topográfico do território nacional a partir de imagens captadas do espaço, resultado de convênio com a Nasa, a agência espacial americana. Disponível pela internet, o banco de dados agilizará estudos necessários para projetos de eletrificação rural, construção de estradas, barragens e sistemas de drenagem de solos. A empresa apresentará ainda um inseticida biológico capaz de eliminar o mosquito transmissor da dengue e da febre amarela (Aedes aegypti) e o borrachudo, baseado na bactéria Bt-horus, de ação específica e utilizada em programas de controle biológico. A tecnologia foi desenvolvida em conjunto com a empresa Bhtek Biotecnologia, do Distrito Federal. O terceiro produto que será apresentado foi desenvolvido a pedido do Sindicato das Indústrias de Caju (Sindicaju). Trata-se de uma máquina que acelera o processo de extração da castanha de caju, abrindo até 200 castanhas por minuto e aumentando o rendimento em até 20%, o que beneficiará o segmento pelo aumento da remuneração e competitividade das empresas.