VIA SATÉLITE: Boletim Informativo do CNPM, Campinas, v. 12, n. 4, maio 2004. (Ed. Especial: Lançamento da futura sede do Centro).

Confira a íntegra dos discursos

 

Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues.

Prezado amigo, General Francisco Roberto de Albuquerque; Prefeita Izalene Tiene; meu companheiro de culatra, de boiada da vida, Secretário João Carlos Meirelles; Deputado Luciano Zica; Clayton Campanhola, Presidente da Embrapa; Meu amigo Ademar Ribeiro Romeiro, Chefe-Geral da Embrapa Monitoramento por Satélite; senhores Oficiais do Exército, que estão aqui conosco; senhoras e senhores. É com emoção que estou aqui hoje, por várias razões. Por ter voltado à Campinas, onde vivi uma parte dourada da vida. Onde fiz o ginásio e o científico, no Colégio Culto à Ciência. Aqui encontrei um colega de ginásio, o Romeu Benatti, e ainda um colega de turma da faculdade, Antônio Carlos Cavalli. Assim, vou encontrando algumas páginas perdidas da memória da juventude e sei que é sempre bom relê-las com carinho. À essa emoção soma-se uma outra, que é a de participar de um evento desta natureza.

Vou contar-lhes uma curta história. Em julho de 1988 eu fui a um Congresso de cooperativas, em Estocolmo, na Suécia. Houve uma grande seca nos Estado Unidos, naquele ano. Eu acompanhava pela televisão, na Suécia, todos os dias, um noticiário que mostrava o quanto a seca, em julho, já havia prejudicado a safra americana. A cada dia anunciavam a perda de tantas sacas de milho, tantas sacas de soja. Eu fiquei admirado e com uma inveja danada daquele negócio, porque aqui no Brasil a gente fica sabendo o tamanho da safra seis meses depois da colheita. O agricultor brasileiro não tem a menor condição de arbitrar sobre a formação de preços, de participar da formação de preços e ter segurança de trabalhar na atividade produtiva com o mínimo de garantia dos seus resultados.

Eu sonhava, desde 88, com a possibilidade de um dia o Brasil ter uma coisa como essa, cuja Pedra Fundamental estamos lançando aqui em Campinas nesta tarde. O sonho de que um dia os produtores rurais brasileiros pudessem saber como é que está se desenvolvendo cada cultura, em cada região do país. Para que a gente possa ter uma idéia do que é que vai ser colhido e, em função disso, participar mais ativamente, mais concretamente, mais pró-ativamente nas condições de mercado. De modo que isto aqui é muito emocionante para mim. É um conjunto de fatores que me deixam profundamente feliz, honrado em participar desse evento e orgulhoso de participar, General Albuquerque, de um evento inserido naquilo que faz um Brasil agrícola mais competitivo.

Todos sabemos que o maior negócio no Brasil, hoje, é o agronegócio. Ele vale 33% do PIB nacional. Gera 37% de todos os empregos no pais e é responsável por 42% das plantações. É, portanto, o maior negócio do Brasil. Porém, é um negócio que está cada vez mais atolado, como diz o João Carlos Meirelles. Atolado numa guerra que eu chamo de 3ª Guerra Mundial, que é a guerra por mercados. Uma guerra sem quartel. Uma guerra sem lealdade nenhuma. Ao contrário, estamos assistindo agora mesmo a alguns problemas que essa guerra nos traz. O Brasil de repente é um dos maiores exportadores mundiais de açúcar, de café, de suco de laranja, de soja, de carne bovina, de carne de frango. Então, para que esta guerra seja vencida com competência, é preciso que tenhamos cada vez mais instrumentos, mais armas e mais organismos articulados em parceria. Para que a gente possa avançar competitivamente na direção, na vitória dessa duríssima guerra.

Eu, General, vejo na parceria uma clareza de cooperação que, embora não seja uma cooperativa na acepção da palavra, é assim que estamos fazendo nesse momento. Eu quero agradecer o Exército Brasileiro pela doação dessa área à Embrapa. Agradecer a todos pela chance de participar desse evento e lançar aqui a pedra do futuro da nossa competição. E quero terminar, meu querido João Carlos Meirelles, na direção da sua romântica referência sobre os ipês. Agora é a época do ipê roxo, mas eu quero fazer uma referência ao ipê amarelo. O ipê amarelo floresce em agosto. Isso é uma coisa emocionante. Eu tenho a oportunidade de andar pelo Brasil inteiro e agosto é um mês feio, um mês de vento, mês cinzento, de muito fogo, muita fumaça. É um mês triste, entre o frio e o quente, um mês indefinido. Pois é no mês de agosto que os ipês amarelos florescem com vigor, mostrando de certa forma um caminho para cada um de nós. Porque é no auge da seca, no auge da tristeza, no auge da bruma seca que o ipê amarelo vai buscar na profundeza do solo a suficiente energia para florescer fantasticamente, oferecendo à humanidade potes de ouro extraordinários, mostrando que é possível, mesmo na relação mais complicada, trazer o brilho e a alegria. Eu tenho certeza que aqui não estamos buscando nada nas profundezas do solo, mas na superfície desse glorioso solo de Campinas, Prefeita. Estamos plantando o ipê amarelo da permanente beleza do agronegócio brasileiro. Muito obrigado e parabéns a todos.

 

Secretário de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado de São Paulo, João Carlos de Souza Meirelles.

O Ministro Roberto Rodrigues, Ministro da Agricultura, é o nosso orgulho. Porque o nosso Ministro é peão como eu, caboclo do mato. Sabe o que faz, e faz o que sabe. Isso é o que é o mais importante. E está fazendo um enorme trabalho, um profícuo trabalho para o Brasil de hoje. Quero saudar o General Francisco Roberto de Albuquerque, nosso Comandante. Saudar a nossa Prefeita Izalene Tiene, Prefeita de Campinas. Dr. Clayton Campanhola, Presidente desse orgulho nacional que é a Embrapa. É preciso que se diga sempre isso. A sua modéstia não lhe permite dizer, Dr. Campanhola, nem o Ministro, este sucesso que foi o restaurar do orgulho do Brasil pela sua agropecuária. Esse restaurar tem as suas bases sólidas fundadas no trabalho da Embrapa. O que nós somos hoje, neste sucesso, nós devemos à Embrapa. Faço um cumprimento especial ao Dr. Ademar Ribeiro Romeiro, diretor desse centro da Embrapa, que me dá o privilégio de ser membro do seu Conselho Assessor Externo.

E aqui eu fico sempre em dúvida, Ministro Roberto Rodrigues, se eu falo como membro do Conselho do Centro Nacional de Pesquisa de Monitoramento por Satélite, ou se falo como cliente. Eu sou dos mais antigos clientes do Centro Nacional de Pesquisa de Monitoramento por Satélite. Como um homem da Amazônia, um sertanejo, que construí algumas cidades pela Amazônia afora, nas fronteiras mais distantes, sou, portanto, além de usuário, membro do Conselho Assessor Externo desta Unidade.

Queria fazer uma saudação especial aos Generais, aos Oficiais Generais que aqui estão presentes. Senhores Coronéis, Senhores Pesquisadores, funcionários desse Centro da Embrapa, trago a palavra muito especial do Governador Geraldo Alckmim, que gostaria de estar aqui com os senhores porque se orgulha muito deste centro estar em São Paulo. Queríamos, caracteristicamente, agradecer o Exército Nacional, que faz esta gentileza de abrigar este Centro de Pesquisa. O que nada nos surpreende, porque é o gesto de cavalheirismo que caracteriza o Exército Brasileiro. Ele é uma palavra muito forte, pelo sentido do que isto representa para nós nesse momento.

Não há como no mundo moderno nós pensarmos em agricultura moderna se nós não tivermos certificação de qualidade. Está aí provada todas as soluções que o Ministro Roberto Rodrigues está implantando. É preciso que nós tenhamos não apenas a qualidade que nós entendemos, como clientes. A qualidade que esteja certificada segundo os padrões, segundo os três organismos de referência da Organização Mundial do Comércio. E para isso, é preciso monitoramento. Não é mais alguma coisa que seja simplesmente uma fotografia para pregar na parede, nos orgulharmos para dizer: aqui está a minha cidade, aqui está a estrada, ou até a minha fazenda. É, sobretudo hoje, ferramenta essencial, inadiável para a presença do Brasil no mercado mundial. Portanto, no sentido que nós estamos fazendo hoje aqui, é de extrema urgência dotar cada vez mais esse centro das ferramentas que ele já tem e aduzir aquelas que ele precisar, para que nós possamos ter este ferramental à disposição do desenvolvimento nacional. Especialmente quando o Brasil assume a condição de líder mundial de exportação de pelo menos 5 dos mais importantes produtos agropecuários do mundo.

Para concretizar as evoluções que estamos passando, a 50 anos atrás o Brasil sequer conhecia um pé de soja. Hoje, graças à Embrapa ter produzido mais de 80 variedades para todas as circunstâncias geomorfológicas do país, hoje somos os maiores exportadores mundiais de soja. Em 25 anos fizemos uma evolução brutal na pecuária, passando de importadores para um dos maiores exportadores mundiais de carne bovina, e hoje também de carne de aves. Portanto, este centro da Embrapa, que é absolutamente essencial pelo o que estão fazendo, é mais essencial ainda do ponto de vista da soberania nacional, para o cuidado e a vigilância de nossas fronteiras, das áreas de preservação, especialmente na nossa Amazônia. E sobretudo para a condução da ocupação daquele milhão de km² que nós ainda temos, conforme sempre diz nosso ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, a ser ocupado com toda a tecnologia, com o conceito de desenvolvimento sustentável.

O Centro Nacional de Pesquisa de Monitoramento por Satélite foi uma alavanca essencial para nós, que fomos abridores de fronteiras na Amazônia Brasileira. Nos deu informações, nos permitindo errar menos e acertar mais, nos deu suporte técnico e científico absolutamente fundamentais. O dia de hoje é um dia um pouco mágico. Eu, quando estava aqui em Campinas, ainda comentava com o ministro Roberto Rodrigues, nós que somos caboclos sentimos muito as coisas da natureza: os ipês estão muito floridos. Antigamente, nós nos baseávamos para identificar se ia fazer frio, se ia chover, nas coisas da natureza. Quando o ipê está assim florido é porque vai fazer frio. Mas, a Embrapa Monitoramento por Satélite vai poder dizer muito mais do que isso. Mas, mais do que isso nós precisamos ter esse calendário, esse calendário que não tem nada de romântico. De repente, Dr. Ademar Ribeiro Romeiro, nós poderíamos estar imaginando, quem sabe, que no próximo florescer dos ipês nós estivéssemos já inaugurando a próxima etapa deste centro. Sejamos todos muito bem sucedidos. Parabéns.